Paradeiro
Chegada a noite, no seu pensamento, surge o seguinte questionamento: Para onde vão as coisas?
Assim, reflete.
Pensa um pouco.
Raciocina um tanto.
Lembra que na prateleira mais alta do armário, fora de vista, lá residem alguns registros.
Verifica que no interior da antiga agenda, a qual exerceu esporadicamente seu verdadeiro papel no último ano, um detalhe encontra-se fixado.
Explora seu email e constata ainda a existência de uma correspondência dentre as 2.220 mensagens na caixa de entrada.
Examina as gavetas, vendo que nelas, outras se reúnem com os demais objetos metodicamente organizados.
Sobre as materialidades, supõe que estas ocupam o espaço.
E por ora, é isso. O que não significa trégua.
A noite avança e as indagações dentro dela progridem: E quanto ao paradeiro dos sonhos roubados, dos desejos não realizados, dos planos incompletos? Para onde estes vão?
Assim, reflete.
Pensa um pouco.
Raciocina um tanto.
Novamente.
Ao final conclui que, nesse caso, essas outras sim possuem um só lugar. Desde o início, até agora, continuam habitando a si própria. Vagando intimamente por entre suas ideias e seu coração até um dia se perderem por completo.
sobre ser lugar |
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